- Área: 2390 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Marcelo Donadussi
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Fabricantes: Adilson, Pisomold, Qualiserv, Serralheria Metalcalza, Slate Pedras, Vidro Certo, Vivi Pasqual
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um marco do passado de Caxias do Sul, a Vinícola Luiz Michielon, ressurge no panorama da cidade depois de anos de esquecimento. A empresa do setor vitivinícola que impulsionou a economia caxiense, entre os anos de 1920 a 1970, teve suas atividades encerradas em 1977, vítima de uma crise que culminou em sua falência. A recuperação de um dos edifícios, em estilo Manchesteriano, datada de novembro de 1943, hoje abriga o Complexo Fabbrica, nome que faz referência ao uso anterior do edifício.
O prédio foi objeto, em 2002, de uma solicitação de tombamento. A edificação, entretanto, foi considerada sem valor para preservação e o processo foi arquivado em 2004 pelo órgão responsável da cidade. A preservação de parte do conjunto, devolveu a comunidade um bem material, mas diretamente ligado com as relações imateriais e as memórias dissidentes com o espaço, evitando a ruptura entre as relações presente e passado.
A revitalização propõe uma nova relação do conjunto com a cidade recuperando a existência simbólica na memória coletiva. O projeto visou manter o máximo possível da construção original, afirmando seu caráter histórico. Os anexos construídos posteriormente, que não possuíam relevância ou clareza na forma arquitetônica, foram removidos.
O espaço aberto e de acesso ao Complexo configura uma área semipública, arborizada e que possibilita trocas culturais e sociais. Com a intenção de consolidar o uso desse local, foi necessária uma intervenção, alterando o nível do terreno em relação a rua, a fim de, evitar alagamentos provocados pela chuva. Foi executado, para isso, um trabalho de drenagem pluvial e elevação do contrapiso.
A verticalidade da chaminé é um marco visual para a cidade que mantém a percepção do passado e do período industrial. Durante o tempo de abandono, a fim de evitar o tombamento, parte dela foi demolida, diminuindo sua altura. Com a intenção de manter a continuidade histórica desse elemento foi adicionada uma nova estrutura metálica análoga à porção de sua altura anterior. Houve processos de limpeza e preenchimento nos pontos danificados ou lacunares, onde foram realocados tijolos retirados da demolição de outras estruturas da obra que não pertenciam a edificação original.
O espaço construído é constituído por três salas comerciais no pavimento térreo – que abrigam uma pizzaria, um sushi e uma cervejaria artesanal -, somado ao foyer que dá acesso ao segundo pavimento, onde se manteve as características originais de planta livre associado ao pé direito alto para realização de festas e eventos culturais, configurando assim o complexo cultural e gastronômico. O edifício contempla também áreas de apoio, escadas e elevador, afim de suprir as novas demandas do local.
A materialidade do edifício é marcada pela estrutura em tijolo aparente e reafirmada após a remoção do revestimento interno e externo que compõem com as aberturas envidraçadas, contidas em uma cimalha. As telhas de barro originais, tipo francesas, com inclinações de 30° e 45°, foram lavadas individualmente, recolocadas e impermeabilizadas. O forro que escondia a estrutura do telhado foi removido, deixando o madeiramento aparente, o qual foi limpo e tratado com cupinicida.